Cansei-me. Cansei-me das incongruências da humanidade, das irracionalidades dos povos civilizados. Não quero mais me preocupar com as guerras. Quero olhar para o futuro e não ver mais a ganância e a pequeneza humana destruírem a grandeza e a beleza do mundo em que vivemos. Quero voltar a ser aquele garoto que acreditava na Terra Azul, onde não se enxerga as linhas tracejadas. Não quero as linhas tracejadas, pintadas com corpos e bombas e preto óleo. Vou ignorar. Vou ignorar a política externa, a corrupção, e a miséria na rua. Ignorarei tudo o que não for belo, bonito e sem problemas. Vou ignorar os olhos racistas dos homens de terno. Vou negar que o futuro parece sem esperanças, que os olhos dos jovens buscam em vão a antiga chama de um futuro melhor.

Vou viver a vida simples: aquela com o jornal e seus resmungos de manhã, a missa aos domingos, e uma crença inabalável de um entidade paterna gigante vela nossas vidas.

Vou acreditar.