russo
Não é uma comunidade, é um noticiário.

28.10.05

 

Under My Nose

Tomei vergonha na cara. Ou melhor, no nariz. Fui ao Otorrinolaringologista. Como suspeitava, tenho pólipos nasais. Estou tomando corticoesteróides - uh, show de bola - e vou retornar ao médico na próxima terça-feira. Teve uma injeção também, e um outro remédio para tomar em alta dose e diminuir progressivamente até parar (o que já ocorreu). Estou sentindo cheiros novamente, e minha respiração está infinitamente melhor. Pelo pouco que andei lendo sobre polipose nasal, os corticoesteróides, muitas vezes, não têm efeito definitivo, send necessário fazer uma cirurgia para remoção dos mesmos. Diz a lenda que há a cirurgia "normal", na base da faca, e a cirurgia laser, que dá um psssss cauteriza o pólipo. A mesma lenda diz que a cirurgia normal às vezes não retira tudo e treco volta, e que a laser é mais eficaz. Well, Well, Time Will Tell.

22.10.05

 

Casa de Marias

Não falei muito ainda dos primeiros dias aqui em Campinas, e venho aqui tentar a redenção para com bons amigos: as Marias e o Antônio.

Eu conheço o Antônio do IBTA, onde ele trabalhou por alguns meses em São Paulo, depois ele saiu, depois voltou para coordenar o IBTA Campinas. Nas poucas vezes em que havia estado com eles antes, a filha Maria Augusta já me apelidou de Zé Louco. Quando, ainda em Blumenau, eu fiz as entrevistas para vir aqui para o interior de SP, eu comentei com a possibilidade com o Antônio, e pouco tempo depois eu tinha um convite para ficar hospedado lá na casa deles até arrumar uma moradia definitiva. Pronto, acabou o sossego deles.

À mesma época, já estava hospedado lá o Andi, um alemão calado (sim, isso é um pleonasmo, exceto quando bêbados), que é estudante de Assistência Social, com algum enfoque em Pedagogia, ou algo assim. O Andi esteve aqui por alguns meses fazendo um trabalho de levantamento histórico em uma favela, o Parque Oziel. Em algum momento, ele percebeu que as entrevistas que ele (e o seu colega Thomas) fizeram só contavam coisas boas da história da favela, quando ela já havia sido palco de muitos incidentes policiais.

Meu pai me emprestou o carro dele, que estava em São Paulo enquanto ele estava em Brasília, e peguei a Bandeirantes/Anhangüera com a "banheira". Era um domingo, e fomos todos jantar em uma pizzaria próxima. Abril em São Paulo, já um meio de outono, mas o interior de São Paulo é quente. O Andi leva uma jaqueta.

"Andi, what's that?"
"A jacket"
"Are you feeling.. cold??"
"Yes"
"You are not German, you can't feel cold here!"

De vez em quando, quebrando o silêncio da casa de filha única, Zé Louco aproximava-se sorrateiramente da Maria Augusta e (dedo indicador....) CÓCEGAS!!!! :-)

Na primeira manhã em que eu acordei lá, estamos à mesa do café, quando aparece a Maria Augusta, no seu roupão (de ir pra natação), com a touca de borracha na cabeça, e os óculos de nadar apertados nos olhos: "Olá, terráqueos". Quase morri de tanto rir.

Foram dias muito bons, o Antônio (Tonico para a família, Tonhão para os alunos do IBTA), é um dos caras mais razoáveis que eu conheço. Dificilmente algo abala a calma que ele tem, e quando o faz, ele olha com uma expressão entre cansada e tensa, e diz calmamente: "Eu estou muito nervoso". Okay, talvez eu esteja exagerando um pouco :-)

A Maria, de muitas divagações filosóficas, e um gosto por uma boa prosa, seja de manhã no café, ou à noite, sempre que a gente embalava em um assunto interessante, as horas voavam. Quando eu contei da Bibi dizendo "mulher faladeira", a associação foi imediata. Mas A mão de Maria na cozinha também é uma memória forte desses dias. Comida simples, dificilmente ela inventou pratos sofisticados enquanto eu estava lá, mas tudo sempre muito gostoso. No dia que ela fez o arroz-doce, eu botei a primeira colherada na boca, e espontaneamente, eu .... como posso dizer... "gemido de prazer" é algo que parece desvirtuar a narrativa, mas não encontro agora uma forma mais precisa de descrever o som que eu fiz. No próximo milisegundo, todos na mesa estão se matando de rir. Riam o quanto quiserem, aquele arroz-doce é o melhor do mundo!!

No escritório, há uma sineta, daquelas de portaria de hotel. (Por quê? Não sei rsrs). Maria Augusta estava no computador, enquanto fingia fazer o dever de casa. De repente, ela ouve:

DING!! DING!! DING!!! *****TABERNEIRO!!!!!!***** TRAGA-ME OUTRA MALDITA CERVEJA!!!!!!

Apenas para adicionar um pouco de surrealidade àquela noite que de outra forma seria... normal. :-)

O alemão, por fim, como sentia frio, não gostava de cerveja, chucrute, futebol e joelho-de-porco, foi primeiro chamado "Francês", e depois se tornou "O Belga". Herr Belgier!!! Wat is dat?

Eu planejava ficar um mês por lá, mas houve o episódio da casa-perfeita-que-não-é-mais no Villa Flora, e acabei gerando o caos lá por três meses. Aumentando a entropia.

A Sorte sorriu para mim quando colocou essas pessoas em meu caminho. Fui recebido na "Casa das Marias" como um filho, e eu me senti lá tão bem quanto com minha própria família. Eu não me sinto como quem tem uma dívida para com eles: eu me sinto como quem um porto abrigado com que pode contar. Espero que eu seja visto por eles também dessa forma.

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