russo
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25.2.05

 

SAVAGE

É escuro ainda, já estou em pé,
Os instintos atiçados: dia de pilotar.
Faz-se o ritual, a veste de couro,
      aconchegante proteção, uma malícia no ar.

Insinuante, lá está ela: a máquina, perfeita,
Seus detalhes sutis inspirando um misto de inquietude e euforia.
Deslizo a perna por sobre seu corpo, o encaixe é perfeito.

Com carinho, aperto seus botões, preparo-a para o passeio:
Ela se apronta. Ao toque de um dedo, ela solta seu primeiro gemido.
Música para os ouvidos, ouço aquele rosnado com prazer.

Com firmeza, trago à posição, e ela perde o pé do chão.
Vamos! Ela esquenta a cada cilindrada.
A primeira engatada, o farol aceso, um leve calor nas pernas.

Saio devagar, sentindo as suas reações,
      As vibrações em sintonia - a máquina gira.
O mel viscoso percorre as engrenagens,
      o cheiro de energia líquida
Em busca de faísca, de mistura, de explosão.

Acelero... a resposta é macia... redonda.
Eu e ela, em sincronismo,
Aperto, empurro, solto...
O câmbio clica e a segunda entra.

As revoluções aumentam e diminuem, por minutos,
Co' um sorriso, a mão gira certa
      e aquele sussuro parece querer gritar
Ela quer mais, ela pede mais

Terceira... A respiração se altera,
O mundo se esquece pra trás,
Enquanto a estico toda, cúmplice, ela acelera voraz.

Engreno a quarta, sem pensar, mãos e pés somente agem.
A excitação é intensa, o respirar acelerado.
Não há mundo à volta, apenas curvas e retas entrançadas.
Adernamos para os lados, pendulamos na gangorra.

O combustível pulsa quente em meus sentidos,
A adrenalina queima em bombas no pistão,
Colado no assento, despejo potência no motor.

Enfio a quinta, já sem pensar em nada,
Somente instinto e loucura, perdendo o fôlego,
Acelero até o fim.. o ritmo incansável se tensiona...


A estratosfera vem,
      a velocidade é máxima,
            ela grita abertamente,
                  e o sol explode...

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